A hidrocefalia é uma condição na qual há excesso de líquido cefalorraquidiano (LCR) no cérebro, o que pode levar a um aumento da pressão intracraniana e causar sintomas como falta de equilíbrio, perda de memória, alteração da visão, dor de cabeça, alterações da consciência, dentre outras. Nos bebês é comum a irritabilidade, o aumento do perímetro cefálico e o abaulamento da fontanela (“moleiras”).
O tratamento da hidrocefalia depende da causa da obstrução do LCR e da gravidade dos sintomas. Em alguns casos, o problema pode ser tratado diretamente, removendo a causa da obstrução do LCR, como um tumor ou um coágulo de sangue. Em outros casos, pode ser necessário realizar um procedimento indireto, que consiste em desviar o excesso de LCR para outra cavidade do corpo, geralmente a cavidade peritoneal (a área ao redor dos órgãos abdominais), procedimento denominado derivação ventriculoperitoneal (DVP). Esse procedimento é realizado através da implantação de um dispositivo conhecido como válvula de derivação, que é inserido no corpo e fica lá por toda a vida do paciente. As hidrocefalias agudas (como nos casos de AVC hemorrágico, tumores cerebrais) configuram uma emergência neurocirúrgica e devem ser diagnosticadas e tratadas rapidamente.
Além do shunt ventriculoperitoneal, existem outras derivações, mas menos utilizadas, tais como a derivação ventriculoatrial (que desvia o líquor do cérebro para a veia cava superior), a derivação ventriculopleural (que desvia o líquor para a pleura, membrana que envolve os pulmões) e a derivação lomboperitoneal (que desvia o líquor da região da coluna lombar para o peritônio).
Outra opção de tratamento é a terceira ventriculostomia endoscópica, classicamente utilizada no tratamento da estenose de aqueduto, que consiste em utilizar uma pequena câmera para criar um novo caminho através do qual o LCR possa fluir. Em alguns casos, pode ser necessário realizar uma combinação de procedimentos para tratar a hidrocefalia.
É uma doença que acomete principalmente idosos (maiores que 60 anos) em que ocorre acúmulo de líquor e dilatação dos ventrículos cerebrais, sem necessariamente ocorrer hipertensão intracraniana. O paciente pode desenvolver distúrbios da marcha, com passos curtos e arrastados, incontinência urinária e demência, motivo pelo qual essa doença pode se assemelhar à doença de Alzheimer. O diagnóstico é dado pela clínica do paciente e pelo exame de ressonância magnética do crânio. Posteriormente esses pacientes devem ser submetidos ao TAP teste, exame em que é retirado líquor da coluna e avaliação da marcha e cognição. Se houver melhora dos sintomas, estes podem se beneficiar do tratamento cirúrgico com a implantação da derivação ventriculoperitoneal (DVP).
Também conhecida como pseudotumor cerebral é uma doença que causa aumento da pressão intracraniana sem evidência de alguma condição para isso, como tumores cerebrais ou hidrocefalia. Acomete principalmente mulheres com obesidade e sua causa não é muito bem definida, porém é um diagnóstico de exclusão, ou seja, deve-se afastar outras causas de aumento da pressão intracraniana.
Acarreta dores de cabeça, náuseas, tonturas, zumbido e principalmente cegueira ( a hipertensão intracraniana crônica pode lesar o nervo óptico permanentemente). Para o diagnóstico solicitamos ressonância magnética do crânio, angioressonância venosa do crânio (para excluir trombose no cérebro),exame do líquor com medida da sua pressão, que geralmente encontra-se elevada (>20cmH2O) e avaliação oftalmológica.
O tratamento inclui medidas comportamentais como a perda de peso e também medicamentos para diminuir a pressão intracraniana. Quando há falha do tratamento clínico indica-se a cirurgia. Essa pode ser, mais comumente, uma derivação lomboperitoneal ou ventriculo-peritoneal.
A estenose de aqueduto é uma condição que leva a uma hidrocefalia triventricular, ou seja, o quarto ventrículo (que fica na região do cerebelo) não está dilatado. Pode ser uma malformação congênita, ou seja, o paciente já nasce com o problema ou adquirida (tumores, infecções e outras). A maior parte dos casos manifesta-se logo na infância, entretanto alguns pacientes vêm ter os primeiros sintomas somente na vida adulta.
Os sintomas mais comuns são dores de cabeça, problemas visuais, retardo de desenvolvimento nas crianças, visão dupla e outros. Para o diagnóstico utilizamos a ressonância magnética do crânio que evidencia claramente o ponto de obstrução no cérebro. O tratamento de escolha é a terceiroventriculostomia endoscópica, com ótimos resultados no pós-operatório.
As dúvidas mais frequentes sobre Distúrbios da Circulação Liquórica e Hidrocefalia
Os exames mais comumente solicitados são a ressonância magnética de crânio com fluxo liquórico e a tomografia. Em situações especiais pode ser necessário o estudo do líquor, através da punção lombar com manometria (medida da pressão).
Para a hidrocefalia de pressão normal, além da ressonância magnética do crânio, é imprescindível o TAP teste.
Em se tratando dos procedimentos mais comuns como a derivação ventriculoperitoneal (DVP) e a terceiroventriculostomia endoscópica a recuperação é rapida e o paciente pode receber alta em até 3 dias após o procedimento.
As complicações na cirurgia de derivação ventrículo-peritoneal não são tão incomuns, as principais são:
É de suma importância o segmento periódico com o médico neurocirurgião para o diagnóstico e tratamento precoce dessas condições.